sexta-feira, 6 de agosto de 2010


AGOSTO - MÊS VOCACIONAL



Cuidar de si e cuidar do mundo:
um chamado, uma escolha, uma missão.
(tema usado para reflexão e debate em nossa reunião)

Cuidar de si mesmo não é uma tarefa fácil. Muita gente deseja se conhecer e lidar bem com o próprio mistério, mas poucos são os que têm coragem de fazê-lo. Enquanto uns têm medo e desconfiança, outros não têm coragem ou mesmo nem sabem como realizar a tarefa. Vivemos num tempo em que o discurso principal é: "o importante é ser feliz". Mas o que fazemos para alcançar tal experiência? Até que ponto a busca da felicidade não se confunde com individualismo e com nossas projeções?

Cuidar de si é imprescindível para cuidar bem do mundo. Por outro lado, nossas conquistas pessoais se dão na relação com os demais e com o mundo. E é nessa estrada de mão dupla que nos tornamos humanos. Uma dimensão ilumina e alimenta a outra. Cuidar é importante, mas não pode virar obsessão. Por vezes, o que deveria ser algo natural e simples, torna-se algo excessivo e até doentio. Levando-nos à superficialidade e mesquinhez.

É possível que ainda não tenhamos aprendido a cuidar de nós mesmos. Comemos de mais, não rara vezes depressa e pobremente; bebemos sem medida, fumamos, ingerimos uma enorme quantidade de droga virtual, deixando-nos contaminar pelo vírus da mediocridade. Nossas relações, em muitos casos, primam pelo abuso, comercialização e exploração. Corremos alucinadamente em busca do sucesso, do lucro, da realização profissional; divertimo-nos artificialmente; descuidamos da espiritualidade e esfriamos a ternura e a capacidade de amar.

Há uma relação direta entre o que fazemos de nós mesmos e o que fazemos com os demais e com o mundo. Todo cuidado em relação a nós mesmos deve reverter-se em cuidado com o outro, pois ninguém se constrói sozinho. Mas, para cuidar do outro, é fundamental que desenvolvamos em nós a consciência que permite dar-nos conta das próprias necessidades, dos limites e do potencial. É isso que nos orienta em direção à proteção, à abertura, ao interesse gratuito pelo bem dos demais e à busca de nossa dimensão de infinito. O cuidado nos remete à genuína tendência em querer viver, crescer, desenvolver, gerar vida.

O cuidado de si que não é sadio orienta para o fechamento e o egoísmo, para a auto-¬suficiência e a dominação. Não se preocupa com os demais, nem os considera. O corpo transforma-se em objeto que deve ser manipulado de acordo com as demandas do mercado. A felicidade e o bem-estar devem ser conquistados, mesmo que eliminando o outro. A religião vira refúgio de interesses pessoais e de comercio da consciência. Deus se transforma naquele que beneficia a alguns e castiga a outros. A política vira a arte de esperteza e da vantagem. A natureza, alvo da exploração e do lucro. Nessa perspectiva, a pessoa se auto-engana, pensando que está cuidando de si. Na verdade, ela é pura expressão do descuido.

O cuidado sadio de si, ao contrário, permite que a pessoa se considere como ser finito e infinito, ao mesmo tempo. Reconhece seus dons, mas também sua propensão à mesquinhez, porque "sabe a dor e a delícia de ser o que é". Por isso, é capaz de ir ao encontro dos demais com facilidade. Entende que a convivência só acontece numa relação de reciprocidade. Aprende que a realização e a felicidade são estradas de mão dupla e nunca acabadas. Por ser capaz de usar consigo mesmo(a) a compaixão, a ternura, a misericórdia e o acolhimento, sente vontade de cuidar do outro e do mundo com as mesmas atitudes. E quem cuida bem do mundo cuida sempre bem de si, naturalmente. No fim, todos saem ganhando!

Fonte: www.vocacionalredentorista.com.br